O modelo Nano, da indiana Tata Motors, foi recentemente lançado na Índia, por um preço abaixo de 2.000 €, tornando-se o carro novo mais barato da história da construção automóvel mundial.
Ratan Tata, o administrador da empresa e criador do Nano, disse que teve a ideia quando via “famílias inteiras em duas rodas, com o pai a guiar com um filho ao colo e a mãe atrás com outro agarrado às costas”. Com o Nano, quase 200 milhões de indianos vão poder mudar de meio de transporte. No mundo inteiro serão biliões de pessoas a ter condições para comprar um carro.
O que parece ser a solução para um problema social, poderá ser também uma bomba para o meio ambiente. Apesar de ser mais económico e gerar menos emissões do que os carros convencionais, o que teremos não serão pessoas a trocar de carro por um mais eficiente mas milhões de pessoas que antes não tinham carro que passam a ter. Estima-se que com o Nano poderão duplicar as emissões de gases com efeito de estufa aumentando directamente o impacto do aquecimento global sobre o ambiente e o planeta.
Mas os problemas ambientais da produção do Nano começaram muito antes de ser colocado à venda. A Tata Motors precisou duma nova unidade fabril para produzir o novo modelo, na Índia, tendo iniciado a sua construção em terrenos agrícolas expropriados. Contudo, a afectação dos terrenos agrícolas à indústria automóvel motivou violentos protestos e manifestações dos agricultores locais, o que obrigou a Tata Motors a parar a construção da fábrica e mudar a sua localização para outro local.
Tivesse a Tata Motors escolhido Portugal para instalar a nova fábrica e não teria os problemas que teve na Índia. Porque, muito provavelmente, não teria o protesto dos agricultores e ainda, com toda a certeza, teria apoio governamental para comprar terrenos da Reserva Agrícola Nacional para lá construir a fábrica. O projecto seria classificado de PIN que, como se sabe, é a carta branca para passar por cima de todas as regras ambientais e do bom ordenamento do território e ainda receber apoios do Estado, que é como quem diz, dos nossos impostos.
1 Comment:
Quem sabe, para a próxima os indianos não optam por Portugal.
Onde tudo se pode fazer, e faz, na mais profunda da tranquilidade.
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