Tinha apenas 16 anos de idade quando, pela primeira vez, desfilei numa manifestação pelas ruas de Lisboa. Estávamos no 1º de Maio de 1974, o primeiro festejado em liberdade.
Uma semana antes, Portugal tinha acordado para a democracia com a revolução militar do 25 de Abril e, de repente, muitos de nós estávamos a descobrir que o país vivia quase isolado do resto do mundo civilizado e democrático, em particular da Europa.
Como cantaria mais tarde Chico Buarque "foi bonita a festa, pá", com mais de um milhão de portugueses a percorrer as ruas da capital, durante horas, até ao actual Estádio 1º de Maio, em Alvalade. Foi o meu baptismo na vida democrática de Portugal e na grande festa dos trabalhadores e da liberdade.
Em muitos mais desfiles do 1º de Maio voltei a participar nos anos que se seguiram, mas mais nenhum teve a força libertadora e a mágica alegria de 1974.
Hoje o 1º de Maio continua a ser celebrado por todo o mundo, mas eu já não encontro motivação para desfilar em nenhuma manifestação. Mas voltaria a fazê-lo, se as elites sindicais dominantes conseguissem, pelo menos um dia no ano, superar as suas naturais diferenças políticas para festejar em unidade o nosso dia, o Dia do Trabalhador.
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