Esta semana a socialista Ana Gomes deixou-me baralhado: já não sei se ela é candidata à Câmara de Sintra, se candidata ao Parlamento Europeu ou se candidata à Câmara de Lisboa. E a minha confusão tem alguma razão de ser. A eurodeputada Ana Gomes acusou Pedro Santana Lopes, de "parolice" e de "provincianismo abjecto" e de despesismo, por tentar contratar o arquitecto Frank Gery para remodelar o Parque Mayer.
Diz ela que sentiu "uma grande fúria quando em Lisboa, por um provincianismo abjecto, se encomendou não se sabe bem o quê ao arquitecto americano e quando em Portugal há arquitectos de extraordinária qualidade e reconhecidos internacionalmente", durante um encontro de candidatos socialistas ao Parlamento Europeu com arquitectos da escola do Porto.
Ana Gomes terá imensas razões para criticar a gestão de Santana Lopes e até, admito, a decisão de escolher Frank Gery para o projecto do Parque Mayer. Mas Ana Gomes usou o único argumento que, para mais na "escola do Porto" não podia utilizar.
É que hoje também a arquitectura é uma actividade empresarial e artística global e os seus maiores representantes já não se limitam aos mercados internos dos seus países, construíndo obra em todo o mundo. Ana Gomes falou perante arquitectos da "escola do Porto" precisamente a escola do nosso arquitecto mais internacional, Álvaro Siza Vieira, que tem obra construída pelo menos em Espanha, Holanda , Alemanha e Brasil, para citar apenas de memória.
Achará Ana Gomes que os governantes locais ou nacionais desses países deviam ter rejeitado Álvaro Siza Vieira pela simples razão de ser um estrangeiro, não caindo no tal "provincianismo abjecto" de que acusa Santana Lopes?
Ou será que Ana Gomes estava a criticar a "parolice", o "provincianismo abjecto" e o "despesismo" do Governo de José Sócrates ao escolher o arquitecto brasileiro Paulo Mendes da Rocha para o projecto do novo Museu dos Coches, a construir em Belém?
Há momentos na vida em que o silêncio é de ouro.
1 Comment:
Ana Gomes sempre foi assim.
Fala, fala, fala.
Bem espremidas, as suas conversas, pouca matéria encontramos.
Algumas vezes tem razão. É uma mulher de fibra e que muitas vezes mostra "cortar" a torto e a direito.
Desta vez, Ana foi longe demais.
Na ânsia de dizer mal de Santana Lopes e da sua governação à frente da CML, atirou-se para fora de pé.
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