segunda-feira, 23 de março de 2009

Tirem-me deste filme...

O Provedor de Justiça perdeu a paciência. Não admira, o seu mandato já terminou há mais de oito meses sem que os dois grandes partidos da área do poder - PS e PSD - tenham chegado a acordo sobre o seu substituto.

O PS entende que depois de 19 anos de Provedores indicados pelo PSD, tem agora o direito de ser ele a indicar a personalidade que deve ocupar o cargo. O PSD entende que, tratando-se dum cargo de defesa dos cidadãos contra os abusos e omissões da Administração Pública, não deve ser indicado pelo partido no poder mas pelo maior partido da oposição.

Pelo caminho vão-se queimando nomes na praça pública, como é o caso do Prof. Jorge Miranda, atirado pelo PS para a fogueira da discórdia.

Farto de esperar, Nascimento Rodrigues coloca as culpas no PS, relembrado o seu apetite para controlar o aparelho de Estado, comparando-o aos vampiros que na canção de José Afonso "comem tudo". De permeio, Paulo Portas veio lembrar que é ao Parlamento que cabe eleger o Provedor de Justiça e sugere que Jaime Gama seja mediador entre os lideres parlamentares. Para já obteve a concordância do PSD e a recusa do PS.

Pouco dado ao diálogo, o PS avisou que vai avançar sózinho no Parlamento, mesmo precisando dos votos de todos os deputados, excepto do PSD, para conseguir a maioria absoluta de 154 votos. Sim, são precisos todos os votos do PS, mais todos os votos do CDS, mais todos os votos do PCP, mais todos os votos do BE, mais todos os votos dos Verdes, mais todos os votos dos independentes. Enfim, um autêntico cerco, pela direita, pela esquerda, por cima e por baixo, ao PSD.

Diz-nos a história e a lógica das coisas que tamanha coligação, juntando os extremos ao PS, é muito pouco provável, até por a votação ser individual e secreta. Mas quem sabe, o PS terá compensações para distribuir por todos e dessa forma conseguirá o improvável.
Enquanto isso, Nascimento Rodrigues só pede que o tirem deste filme e ameça renunciar no final deste mês, se não houver uma solução para a sua substituição.

Quem fica a perder são os cidadãos, mas a isso também já nos vamos habituando.

1 Comment:

Anónimo said...

Como cidadão, recuso-me a aceitar este estado de coisas.

Discutam competências, façam guerrinhas mas não brinquem com a democracia.
Nem connosco.

Não estará o PS a avançar para a rectaguarda?