domingo, 21 de fevereiro de 2010

É hora de solidariedade com a Madeira

A fúria da natureza abateu-se hoje sobre a ilha da Madeira com uma violência jamais vista e impossível de prever. As fortes chuvadas que hoje caíram pela manhã, em particular no Funchal, mas também por toda a ilha, provocaram 32 mortes já confirmadas e mais de 60 feridos, podendo ainda existir mais desaparecidos.

Também os prejuízos materiais são muitos elevados e provocaram enormes danos nas estruturas públicas da ilha e também em muitos bens privados, obrigando à mobilização de todos os recursos de protecção civil da região e ainda de alguns nacionais.

Como sempre acontece nestas tragédias apareceram logo alguns apressados a fazer política e a apontar razões para a desgraça: a fúria incontrolável da natureza e/ou a incuria dos homens com o todos erros de ordenamento do território.

Se é inquestionável a fúria da natureza na tempestade que se abateu sobre a Madeira, já a avaliação dos erros de ordenamento do território e a sua responsabilidade na tragédia merece uma avaliação mais ponderada e prolongada, impossível de fazer neste momento e deste modo, mas necessária no futuro.

Agora, o tempo é de solidariedade com a Madeira e de acudir a quem precisa de ser apoiado.

Cão Azul, com sentido de humor...

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Cortei o cordão umbilical com a PT...

Tenho em casa uma assinatura de serviço telefónico da PT, mais uma assinatura de internet ADSL do Sapo, do grupo PT, antes tinha uma assinatura RDIS da Telepac, do grupo PT.

Tenho noutra casa uma assinatura de serviço telefónico da PT, mais uma outra assinatura de internet ADSL do Sapo, antes tinha uma assinatura RDIS da Telepac.

Já mudei várias vezes de casa e de carro. E uma vez de partido.

Casei-me uma vez, descasei-me e voltei a casar outra vez.

Nunca mudei de clube: quem nasce, morre lampião.

E parecia que jamais me separaria da PT, como se fosse o meu Benfica.

Como muitos portugueses a PT fazia parte da minha vida e parecia que não podia passar sem ela. Já foi assim, quando a PT tinha o monopólio do negócio das telecomunicações, tinha também um cordão umbilical com cada lar português.

Há muito que o monopólio se foi, mas o cordão umbilical teimava em ficar.

Este ano decidi fazer contas, que os tempos não estão para facilidades, e cheguei à conclusão que gastava demais com TV, telefone e internet por ter um fornecedor para cada serviço. Consultei os sítios dos vários fornecedores e decidi-me por um pacote completo dum concorrente da PT, que me vai poupar cerca de 45% da factura mensal.

Esta semana telefonou-me um funcionário da PT para confirmar que eu tinha pedido a portabilidade do número fixo (mesmo tendo lá o impresso com a minha assinatura e cópia do BI...) e, claro, para me convencer a desistir do outro concorrente, mesmo sem me oferecer um pacote de serviços equivalente e mais barato.

Ainda por cima apanhou-me irritado com toda a história recente que tem trazido o nome da PT para as capas dos jornais pelas piores razões. Depois de o ouvir disse-lhe que jamais voltaria para uma empresa que se deixa usar pelo poder político e que não pago para isso.

Foi quando o funcionário da PT desabafou que tinha toda a razão e que com mais clientes assim é que a empresa poderia mudar que eles funcionários também não gostam da situação.

Na verdade eu já estava de candeias às avessas com a PT desde que me apercebi que me continuaram a cobrar durante mais de um ano a ligação RDIS da outra casa depois de eu ter mandado substituir pela ADSL. Descoberta a dupla cobrança cancelei o pagamento RDIS na caixa ATM, depois de telefonar à empresa a protestar com a situação.

A resposta foi que Telepac e Sapo são empresas diferentes, ambas do grupo PT. Será, mas foi na loja da PT em Sintra que me venderam o pacote RDIS da Telepac e depois foi lá também que fui mandar substituir pelo pacote ADSL do Sapo.

Comprei e paguei na loja da PT os dois pacotes de serviços e agora dizem-me que o problema não é com eles?

Em resposta recebi duas cartas dos advogados da PT a ameaçar-me com a cobrança em tribunal de duas facturas... pouco mais de 20€.

Foi a gota de água, agora é que vou mesmo cortar o cordão umbilical.


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

E agora poeta?


Fernando Nobre, o conhecido Presidente da Assistência Médica Internacional (AMI) vai anunciar publicamente a sua candidatura à presidência da República, na próxima sexta-feira, em Lisboa.

Recordando algumas notícias dos últimos dias acaba por não ser completamente novidade, embora não seja conhecida uma grande apetência de Fernando Nobre pela carreira política. Pelo menos até aqui.

Mas esta não é certamente a melhor notícia para Manuel Alegre, já em plena pré-campanha eleitoral. É que Fernando Nobre, que foi membro da comissão de honra de Mário Soares em 2006 e mandatário do Bloco de Esquerda na últimas eleições europeias, parece reunir condições para disputar ao poeta o seu eleitorado potencial, ou seja, uma boa parte do PS e outra boa parte do BE.

Neste cenário dificilmente qualquer deles poderá disputar a vitória ao actual Presidente da República que certamente não deixará de se candidatar ao segundo mandato.

Dizem as más línguas que não se trata duma verdadeira candidatura gerada pela sociedade civil, onde Fernando Nobre goza de grande prestígio, mas sim duma jogada de mestre da política dos soaristas, que ainda não teriam perdoado a Manuel Alegre a derrota de Mário Soares nas últimas eleições presidenciais.

Veremos se as más línguas têm razão.

Veremos de a "vingança" soarista também se serve fria.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Já tenho candidato em quem votar!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

TODOS PELA LIBERDADE!


Presidente da Assembleia da República, Dr. Jaime Gama

O primeiro-ministro de Portugal tem sérias dificuldades em lidar com a diferença de opinião.

Esta dificuldade tem sido evidenciada ao longo dos últimos 5 anos, em sucessivos episódios, todos eles documentados. Desde o condicionamento das entrevistas que lhe são feitas, passando pelas interferências nas equipas editoriais de alguns órgãos de comunicação social, é para nós evidente que a actuação do primeiro-ministro tem colocado em causa o livre exercício das várias dimensões do direito fundamental à liberdade de expressão.

A recente publicação de despachos judiciais, proferidos no âmbito do processo Face Oculta, que transcrevem diversas escutas telefónicas implicando directamente o primeiro-ministro numa alegada estratégia de condicionamento da liberdade de imprensa em Portugal, dão uma nova e mais grave dimensão à actuação do primeiro-ministro.

É para nós claro que o primeiro-ministro não pode continuar a recusar-se a explicar a sua concreta intervenção em cada um dos sucessivos casos que o envolvem.

É para nós claro que o Presidente da República, a Assembleia da República e o poder judicial também não podem continuar a fingir que nada se passa.

É para nós claro que um Estado de Direito democrático não pode conviver com um primeiro-ministro que insiste em esconder-se e com órgãos de soberania que não assumem as suas competências.

É para nós claro que este silêncio generalizado constitui um evidente sinal de degradação da vida democrática, colocando em causa o regular funcionamento das instituições.

Assistimos com espanto e perplexidade a esse silêncio mas, respeitando os resultados eleitorais e a vontade expressa pelos portugueses nas últimas eleições legislativas, não nos conformamos. Da esquerda à direita rejeitamos a apatia e a inacção.

É a liberdade de expressão, acima de qualquer conflito partidário, que está em causa.

Apelamos, por tudo isto, aos órgãos de soberania para que cumpram os deveres constitucionais que lhes foram confiados e para que não hesitem, em nome de uma aparente estabilidade, na defesa intransigente da Liberdade.

Promotores do Manifesto:

Ana Margarida Craveiro
Manuel Falcão
Vasco M. Barreto
Rui Tabarra e Castro
Henrique Raposo
Adolfo Mesquita Nunes
Luís Rainha
Laura Abreu Cravo
Manuel Castelo-Branco
Paulo Morais
Gabriel Silva
Tiago Mota Saraiva
Alexandre Borges
João Gonçalves
Rui Cerdeira Branco
João Miranda
Nuno Miguel Guedes
Fernando Moreira de Sá
Vasco Campilho
Nuno Gouveia
Carlos Nunes Lopes
Sérgio H. Coimbra
Maria João Marques
Hélder Ferreira
Manuel Castro
Alexandre Homem Cristo
Henrique Burnay
Carlos Botelho
André Abrantes Amaral
Francisco Mendes da Silva
Carlos M. Fernandes
João Moreira Pinto
João Vacas
Jacinto Moniz Bettencourt
José Gomes André
Afonso Azevedo Neves
Ricardo Francisco
Sofia Rocha
Miguel Noronha
Pedro Pestana Bastos
Raquel Vaz-Pinto
Manuel Pinheiro
Nuno Branco
Carlos do Carmo Carapinha
João Condeixa
Carlos Pinto
Luís Rocha
Rodrigo Adão da Fonseca
Gisela Neves Carneiro
Nuno Pombo
Rui Carmo


Assine a petição TODOS PELA LIBERDADE em www.peticaopublica.com

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Hoje estou de luto...


O mar da Costa da Caparica levou esta noite um dos seus pescadores. Dizem-me que o mar não estava em condições para a pesca mas que a necessidade obrigou três pescadores a arriscar a vida para trazer para terra o sustento das suas famílias.

Em Portugal, no princípio do Séc. XXI há pescadores que não podem ficar em terra quando a meteorologia aconselha que não se façam ao mar. Porque precisam de cada dia de trabalho para o seu sustento diário.

Não conhecia o pescador que o mar levou mas sou frequentador assíduo dos restaurantes da Costa da Caparica, quase sempre pelo peixe fresco que aqueles pescadores trazem.

No Carolina do Aires, na Tasquinha da Costa ou no Camões da Fonte da Telha não me admiraria se já tivesse passado pelo meu prato algum peixe trazido pelo pescador que o mar levou.

Nem sei se ele não estaria naquela faina de final de tarde no Verão passado na Praia dos Pescadores, que a minha curiosidade me impeliu a fotografar.

Por isso hoje foi um dia triste para mim. Para a família do "meu" pescador da Costa da Caparica vão as minhas condolências e a minha solidariedade.

Que descanse em paz, esteja lá onde estiver.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

PENSE NO HAITI... REZE PELO HAITI...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A palavra ao fundador

INSTITUTO SÁ CANEIRO

PSD 35 ANOS : NOVOS TEMPOS , NOVOS DESAFIOS, NOVAS IDEIAS

2.12.09 – Hotel Tivoli, 21.00h


Louvor ao Instituto Francisco Sá Carneiro e a Alexandre Relvas por promover este Ciclo de Encontros.

Estamos aqui para discutir ideias, para reflectir sobre o que é a social democracia no século 21.

Não estamos aqui para fazer programas de Governo. Nem para aproveitar o ensejo para ajustar quezílias pessoais ou para expor o que cada um gostava que fosse ou tivesse sido.

Estamos aqui para falar do PSD, do seu papel actual e futuro na sociedade portuguesa.

Eu começarei por dizer que, nestes 35 anos, o PSD, em termos de lucidez e coerência social democrata, andou um tanto a reboque dos impulsos do pêndulo da História.

- Logo no início da Revolução, o pêndulo, dezenas de anos preso na extrema direita, deslocou-se a grande velocidade para a extrema esquerda. E nós fomos atrás (uma das grandes discussões no nosso I Congresso foi se propúnhamos ou não a nacionalização da banca)

- Depois, como é normal, o pêndulo oscilou para a direita. E nós fomos atrás (prova disso foi o termos abandonado, no Parlamento Europeu, o Grupo Parlamentar dos Reformadores, Liberais e Democratas – que passara a incluir a palavra Reformadores, por imposição nossa – para integrar o Grupo Parlamentar do PPE, Partido Popular Europeu, onde se encontram os partidos democráticos de direita)

Acomodámo-nos, também, às oscilações do pêndulo pelas responsabilidades e pela embriaguez do exercício do poder, no Governo, nas Regiões Autónomas, nas Câmaras e nas Freguesias, às oscilações do pêndulo.

E hoje, para além da História e das origens, é difícil dizermos o que distingue verdadeiramente o PSD, qual a nossa identidade ideológica, que grandes temas ou causas defendemos, que propostas e projectos fazemos para o futuro de Portugal e dos portugueses.

Temos de sair deste impasse, sob pena de caminharmos para um lento suicídio (quem analise a composição ou decomposição do nosso eleitorado – grupos etários, zonas geográficas, etc. – verificará que essa é a tendência).

É para isso que aqui estamos. Para inverter o pessimismo, para acabar com a resignação com a lamúria e com a desgraça que só ajudam os coveiros, que por aí proliferam, e também os temos dentro do nosso Partido. Devemos fazê-lo, fundamentalmente, com seriedade e sentido das realidades. Sem obsessão por sermos originais à força, com a irreverência, a inovação, a alegria que sempre nos caracterizou.

Antes do mais, convém recordar o que somos ou devíamos ser:

- Um partido reformista. Ou seja: um partido que é capaz de lutar por reformas drásticas em qualquer sector, mesmo que, a curto prazo, isso lhe possa fazer perder votos

- Um partido interclassista. Ou seja: um partido que não acredita na luta de classes, mas que defende que a mobilidade entre as classes sociais não tem fronteiras e que as classes trabalhadoras devem ter assegurados os seus direitos (o que, sublinhe-se, adquire particular relevância quando o desemprego ultrapassa os 10%)

- Um partido com forte convicção social. Ou seja: um partido onde o valor da igualdade pesa tanto como o da liberdade, onde a pobreza não é aceite como algo de inevitável, e menos ainda, quando se trata de crianças ou de velhos ou de assegurar alojamento condigno para toda a gente

- Um partido que aposta na sociedade civil. Ou seja: um partido que atribui à sociedade civil uma parte importante das tarefas de desenvolvimento social, cultural, ambiental e até económico

- Um partido que, no entanto, não renuncia a atribuir ao Estado funções indelegáveis. Ou seja: um partido que considera indelegáveis funções como a Defesa Nacional, a Polícia, a Justiça, os Impostos, etc., que exige do Estado uma maior capacidade de controlo, para defesa da liberdade e da transparência, que, sem dogmatismos, lhe atribui a possibilidade de intervenção na economia, sem deixar tudo à mão invisível do mercado

- Um partido tolerante e aberto. Ou seja: um partido capaz de antecipar e apreender as novas realidades sociais, de não ser conservador e de mobilizar os sectores mais dinâmicos da sociedade para as enfrentar e absorver, sejam elas as emissões excessivas de CO 2, a legalização da droga ou o casamento dos homossexuais.

Passando a aspectos mais concretos: que grandes propostas reflectem, na actualidade, os princípios que acabei de expor? Enumerarei algumas, a título exemplificativo e sem grandes preocupações de sistematização organizacional ou cronológica:

- A 1ª - e já que estamos a dias do início da Conferência de Copenhaga - reporta-se ao Ambiente. Esta é uma área interclassista, que atrai os sectores mais dinâmicos da sociedade e onde sempre fomos percursores (a primeira vez que os verdes entraram para um Governo foi no Governo de Sá Carneiro, através do PPM, de Gonçalo Ribeiro Teles, e continuaram nos meus 2 Governos; o Instituto Sá Carneiro tem uma longa tradição no Ambiente, desde os tempos de Carlos Pimenta, o GEOTA foi criado no IPSD).

O Ambiente é uma causa nossa. Não podemos perdê-la a favor de pequenos grupos que na matéria dispõem de mais tempo de antena do que o PSD. Devemos aliar-nos, quando necessário, com esses grupos, que são sociedade civil, não pactuando com exageros, mas não temendo desagradar a interesses instalados

- A 2ª proposta tem a ver com as relações de trabalho. Por um lado, assumirmos a flexisegurança, que é um conceito social democrata aplicado aos tempos actuais e que implica uma mudança de atitude quer por parte dos patrões quer por parte dos empregados e respectivos sindicatos. Por outro, recuperarmos a co-gestão, já não no sentido de Bad Godesberg e suas sequelas, mas garantindo aos trabalhadores, pelo menos em empresas de certa dimensão, o direito a uma informação regular e adequada e o direito de se pronunciarem sobre algumas decisões fundamentais

- A 3ª proposta respeita à sociedade civil e ao que nela entendermos dever ser delegado. A questão é vasta, porque abrange várias áreas, desde estimular e responsabilizar as Instituições Privadas de Solidariedade Social, as estruturas desportivas, as instituições culturais, as ONG’s do ambiente e outras organizações não governamentais a permitir e regular a concorrência publico-privada no ensino, na saúde.

A questão é complexa, porque implica um controlo do Estado sobre as actividades que delega, sobretudo quando delega financiando, gastando ou investindo dinheiro dos contribuintes para obter melhores resultados.

(Abro aqui um parêntesis para acentuar que o Estado tem obrigação de cumprir os contratos que assina, não só pagando a tempo e respeitando a lei em tudo – como, por exemplo, aguardando os vistos do Tribunal de Contas – mas também fiscalizando e exigindo o cumprimento por parte do outro contraente. A falta de controlo pelo Estado, a impunidade dos incumpridores, a tardia aplicação de sanções, quando existem, são factores graves de degradação do Estado de Direito e de descredibilização da democracia).

- A 4ª proposta tem a ver com a sociedade civil, mas é autonomizável. Trata-se de dar prioridade e meios à família como célula ou unidade fundamental do tecido social. Um partido social democrata português não pode ignorar que, felizmente, entre nós os laços familiares são ainda muito fortes. Por isso, é importante criar condições para que as empresas familiares prosperem, para que os pais tenham uma maior participação na educação dos filhos e na orientação das escolas que estes frequentam, para que os mais velhos possam ser amparados pela unidade familiar e não desterrados para lares de 3ª idade.

- A 5ª proposta tem um intuito disciplinador: um partido social democrata deve lutar pela implantação da avaliação a todos os níveis e em todos os sectores de actividade, desde o aparelho do Estado, incluindo as autarquias e o sistema judicial, às empresas e às instituições não lucrativas.

Sem se premiar o mérito e punir, ou pelo menos registar, o demérito, a sociedade não progride. A igualdade não se alcança alinhando por baixo, mas puxando para cima, dando oportunidades aos melhores.

A construção obrigatória de rankings anuais para as actividades mais relevantes – escolas, universidades, hospitais, esquadras de polícia, tribunais, Misericórdias, etc. é um complemento indispensável do que entendo por avaliação.

- A 6ª proposta é talvez a mais discutível numa óptica social democrata, mas aqui a deixo, para já como hipótese para discussão: a instituição, como norma, do princípio do utilizador-pagador. Aplicado na sua pureza, este princípio levaria ao fim da universalidade / gratuitidade de determinados serviços – saúde, educação, por exemplo). Mas poderia ser corrigido por várias vias, incluindo uma que é, sem dúvida, social democrata: a redistribuição do rendimento, por critérios fiscais, do lado da despesa, através de um maior apoio aos contribuintes de mais baixos rendimentos e de menor ou nenhum apoio aos contribuintes de rendimentos mais elevados.

A questão aqui está em, realisticamente, saber se existe alternativa à generalização do princípio do utilizador-pagador, perante a lamentável situação em que se encontram as finanças públicas, a dívida do Estado, o déficite orçamental.

Aqui ficam 6 propostas que podem abrir caminho para a diferenciação e afirmação ideológica do Partido Social Democrata no final da 1ª década do século 21.

Estranharão que não tenha referido as grandes, urgentes, imperiosas reformas da Justiça, da Educação, da Saúde e da Administração Pública.

Não foi esquecimento. Quanto às grandes reformas, continuo a defender que elas só serão possíveis se assentarem em pactos de fundo ou acordos de regime, chamemos-lhe o que quisermos, que sejam subscritos pelo maior número possível de partidos, por um prazo superior a duas legislaturas, e cumpridos por quem estiver no Governo, na sequência das eleições que entretanto se realizarem.

No seu Programa Eleitoral, bem como no Portugal 2020 do Instituto Sá Carneiro, o PSD tem já muita matéria avançada nas 4 grandes áreas referidas que, embora possam ser afinadas numa perspectiva mais social democrata, constituem uma boa base de partida para a negociação de acordos ou pactos de fundo. Assim, haja vontade política, incluindo do próprio PSD, para encetar e levar a bom termo tais negociações.

O mesmo raciocínio se aplica, aliás, à chamadas infraestruturas políticas.

Sem falar já da óbvia necessidade de uma revisão profunda da Constituição e sem trazer à colação as fragilidades do sistema de governo semi-presidencialista, penso que tão urgente e imperioso como as reformas da Justiça, da Educação, da Saúde e da Administração Pública, é a mudança da lei eleitoral para um sistema misto de representação proporcional e uninominal. Já existe uma proposta bem estruturada e defendida, da autoria de Rui Oliveira e Costa, o qual tem a aparente vantagem de ter sido do PSD e agora ser do PS. Por que não se parte dela para se chegar rapidamente a uma conclusão?

Tudo o que ficou dito pode ser valorizado e mediatizado com a apresentação simultânea de projectos – projectos concretos, já não propostas, por natureza mais genéricas – de cariz social democrata.

- Exemplo A: Num país de clima ameno e de vocação e preparação turística, onde as pessoas, em especial as melhores, tratam os mais velhos com especial carinho, por que não criar as condições de alojamento, transporte, saúde, alimentação, tempos livres, etc., para tornar Portugal o destino permanente ou sazonal para os reformados abastados ou semi-abastados do Norte e Centro da Europa?

- Exemplo B: num país que dispõe já de boa parte das infraestruturas adequadas, por que não exibir como bandeira e lutar pela concretização do Projecto Portugal Logístico, apresentado no Portugal 2020 do Instituto Sá Carneiro? Em vez de se andar a gastar dinheiro com o TGV, “posicionar Portugal como uma porta (o mais relevante possível de circulação de mercadorias de e para a Europa e como ponto central de transhipment e ligação entre as “autoestradas marítimas” actuais e pós alargamento do canal do Panamá (2014)”.

- Exemplo C: exercer o direito de petição recém concedido pelo Tratado de Lisboa, recolhendo, em Portugal e noutros países da União Europeia, 1 milhão de assinaturas para requerer à Comissão Europeia que legisle sobre uma determinada matéria, por exemplo, no âmbito da Carta Europeia dos Direitos Fundamentais, tomar medidas que garantam igualdade de oportunidades entre as mulheres e os homens


- Exemplo D: escolher um país africano e propor um modelo exemplar de cooperação igualitário que esteja ao alcance das nossas possibilidades. Eu escolheria Cabo Verde que é já uma notável história de sucesso

As propostas e projectos que apresentei, sem qualquer preocupação de ser exaustivo, bem como outros que certamente aparecerão, poderão e deverão ser discutidos, ampliados, rejeitados, acrescentados, ao longo deste Ciclo de Encontros . No momento adequado, aqueles que reunirem um consenso alargado, servirão de teste a quem se candidate à Presidência do nosso Partido.

Há dias, um amigo dizia-me: “os partidos que temos estão velhos e ultrapassados” Isto, não tenhamos dúvida, é o que muita gente pensa, sobretudo os jovens de 20/30 anos que já nasceram depois da Revolução

O exercício que estamos a iniciar aqui – e que, como parece evidente, não pode confinar-se a um Ciclo de Encontros promovido em boa hora pelo Instituto Sá Carneiro – visa precisamente demonstrar que o PSD não está velho nem ultrapassado. Visa, por outras palavras, definir a razão de ser e o lugar da social democracia na sociedade portuguesa.

A crise que vivemos a nível mundial e nacional - e que já não é só financeira e económica, é também social e cultural - proporciona-nos uma excelente oportunidade para darmos um salto qualitativo, para sermos inovadores de um modo radical e não apenas incremental.

Mais do mesmo, mesmo que melhor executado, não nos leva a parte alguma se não a ficarmos agarrados à paralisia e ao pântano onde nos encontramos. Temos valores próprios, a que necessitamos dar brilho novo, tempos capital humano que há que utilizar na sua plenitude. Já demos saltos qualitativos mais difíceis nos nossos 35 anos de existência.

É preciso ter coragem? Com certeza. Há que correr riscos? Sem qualquer dúvida que sim.

Mas a intervenção política, o serviço da res pública, é isso e só isso: ser coerente com a ideologia, ter coragem, correr riscos, liderar a inovação.

E, claro, estar sempre consciente de que só se serve bem o PSD se se estiver a servir bem Portugal.


FRANCISCO PINTO BALSEMÃO

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Distrital de Lisboa do PSD vai a votos

Amanhã, dia 3 de Dezembro, há eleições para os orgãos da Distrital de Lisboa (AML) do PSD e vamos escolher entre duas candidaturas. Pela "Lista A" vai o actual presidente Carlos Carreiras e pela "Lista B" vai o deputado Jorge Bacelar Gouveia com a candidatura "Unir para Ganhar".
Gosto da ideia e do programa da "Lista B" e não conheço quase ninguém da candidatura o que para mim é um sinal positivo de renovação.
Há dois anos apoiei e votei em Carlos Carreiras mas agora faço um balanço negativo do seu mandato.
De qualquer modo não vou votar porque já não fui a tempo de actualizar o pagamento das minhas quotas (é verdade sou eu mesmo que pago as minhas quotas... e por vezes esqueço-me, mais daí também não vem grande mal ao mundo...).
Mas se votasse o meu voto iria para a "Lista B", de Jorge Bacelar Gouveia e esta declaração já é o suficiente para me infernizarem a cabeça cá na secção, mas já estou habituado e será por pouco mais tempo...