Entre candidatos efectivos e candidatos suplentes a lista aprovada pela última reunião do Conselho Nacional do PSD teve de decisão sobre a inclusão de cerca de 250 nomes para integrarem a lista a apresentar às eleições legislativas do próximo dia 27 de Setembro. De fora, como se sabe, há uma boa meia dúzia de militantes que alimentava a esperança de integrar a lista e se tem desdobrado em declarações de crítica às decisões do Conselho Nacional.
Fala-se de sectarismo da líder do partido e de falta de renovação das listas, o que não deixa de ser curioso quando, na generalidade, o que se critica é a saída de anteriores deputados e a não inclusão de Pedro Passos Coelho, que se tivesse sido integrado não seria nada de novo mas apenas mais um regresso ao Parlamento.
Mas a verdade é que Manuela Ferreira Leite definiu como uma das regras na escolha dos candidatos a renovação do grupo parlamentar.
Mas então, se assim era exigido, onde está a renovação prometida pela líder do PSD?
O Jornal i, publicado ontem dia 6 de Agosto, dá-nos uma interessante ajuda para perceber qual a dimensão da renovação introduzida nas listas de candidatos a deputados dos dois partidos da área do poder e que vão disputar a vitória nas legislativas, PS e PSD.
Foram considerados os candidatos que ocupam os primeiros 2 ou 3 lugares nas listas de cada distrito nos dois partidos, sendo 60 candidatos do PS e 58 do PSD. Portanto estão todos os cabeças de lista e os lugares seguintes de maior relevo.
Depois, foram agrupados em dois grupos: o grupo dos repetentes, incluíndo os actuais deputados e aqueles que já foram no passado e agora regressam, e o grupo dos estreantes com todos aqueles que nunca ocuparam um lugar no Parlamento.
É no grupo dos estreantes que se afirma a renovação das listas de ambos os partidos. Então vejamos os resultados:
No PS, dos 60 candidatos contam-se 44 repetentes e 16 estreantes, isto é, apresenta uma taxa de renovação de 26,6%.
No PSD, dos 58 candidatos contam-se 31 repetentes e 27 estreantes, isto é, apresenta uma taxa de renovação de 46,5%, vinte pontos acima da taxa de renovação do PS.
Curioso ainda é constatar que o PS parece não ter muita confiança nos estreantes para cabeça de lista, já que apenas um deles ocupa o 1º lugar. E mesmo essa estreante, cabeça de lista por Coimbra é Ana Jorge, a actual Ministra da Saúde.
Já o PSD confia em 5 dos seus estreantes a responsabilidade de ser cabeça de lista, em Bragança, Guarda, Portalegre, Évora e Beja.
Finalmente o PS apresenta 7 estreantes a ocupar o 2º lugar nas listas contra o PSD que apresenta 9 estreantes na mesma posição.
Não tenho dados para avaliar a profundidade da renovação na totalidade das listas, mas se nos lugares cimeiros a renovação atinge tão elevada expressão é de acreditar que para as listas inteiras a regra não se altera.
Está aqui a renovação prometida das listas de deputados. Só não vê quem teima em não querer ver e deixa tapar a realidade com o fumo negro das conveniências pessoais.
1 Comment:
Como cidadão, e apenas como tal, não estou preocupado com a renovação, embora não discorde com essa atitude que confere, desde logo, uma continuidade de ideias.
Em ambos os partidos referidos - PS e PSD - é francamente necessária a renovação.
No PS não se fará por opção ou por falta de gente capaz?
Situações diferentes.
No PSD parece-me existir a vontade de "arriscar" em gente nova (por vezes não em idade mas em estatuto - o que me parece bem.
Na prática ver-se-á o que a renovação, maior ou menos, trará de benefícios ao País.
E isso é que me interessa, como cidadão.
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