Diz a canção que dez anos é muito tempo. E eu que o diga depois de uma década a meter-me diariamente ao caminho e deixar Sintra para trás rumo à Outra Banda.
Dez anos a percorrer o IC19, depois a CREL, ainda a A5 para finalmente chegar à Ponte Sobre o Tejo (para mim será sempre a Ponte Sobre o Tejo...) e desaguar sem glória em Almada, terra de todos os contrastes, do bestial e da besta.
Ao fim do dia o reconforto do regresso premiado pela visão mágica da Serra de Sintra quando chego perto do Ramalhão e entro por S. Pedro de Sintra, quase chega para tudo compensar.
Intencionalmente, recuso-me a fazer o percurso do IC30 para aceder directo à Portela de Sintra mesmo que nesse caminho poupasse alguns minutos nos poucos que me restam no cansaço do fim do dia. Quero entrar em Sintra pelo Ramalhão a olhar a Serra de frente.
Como se um abraço protector e maternal me aguardasse ao fim de cada dia de trabalho. Agora, dez anos depois, voltarei ao cais de partida e sem vontade de partir de novo.
Aos amigos, muitos e bons, que fiz em Almada não direi adeus nem jamais porque não quero perder a parte melhor desta longa viagem de dez anos.
Mas em Sintra sinto-me em casa e é aqui que quero ficar e envelhecer. Com a minha família, os meus amigos, meus livros, meus discos e nada mais.
2 Comments:
Do relativamente pouco tempo que o tive como colega, registo a amabilidade, a gentileza com que sempre me tratou.
Nem sequer abordo o facto de o considerar um excelente técnico e chefe.
Vai regressar a Sintra, profissionalmente falando.
Vai continuar em Sintra, pessoalmente constatando.
Tenho a certeza de que posso - e tenho (tinha) muitos colegas que assinavam por baixo - elogiá-lo, quase homenageá-lo.
Mas não vou dizer adeus. Recuso-me. Até porque é em Sintra que consigo encontrar aquelas especialidades da doçaria que tanto aprecio (sorriso).
Um grande abraço com os votos de muitas felicidades.
Sintra fica a ganhar. Almada não.
Agora fiquei triste... achei que te ia ter no Algarve.
Eu a precisar de um cunhado para as patuscadas, e o algarve a precisar de alguém que trave esta construção desordenada.
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