terça-feira, 21 de julho de 2009

A coligação negativa por Lisboa

Esperado por uns e impensável por outros a verdade é que António Costa lá conseguiu fazer um acordo de coligação com Helena Roseta para a candidatura à Câmara de Lisboa.

Façamos um pouco de história. Helena Roseta demitiu-se do PS em 2007, ofendida por José Sócrates não a ter escolhido como a candidata natural dos socialistas às eleições intercalares na capital. Helena Roseta bem tentou, disponibilizando-se por escrito ao secretário-geral do PS que nunca lhe respondeu.

Rompendo com o PS, Helena Roseta devolveu o cartão de militante e foi promover a sua candidatura independente à Câmara, apoiada pelo recém formado movimento Cidadãos Por Lisboa. Nas urnas o resultado foi a eleição de dois vereadores e depois a colaboração com o eleito Presidente António Costa na área da política municipal de habitação.

Tudo parecia correr de feição a Helena Roseta autarca independente não fosse o PSD ter vencido as recentes eleições europeias, assumir-se como candidato a vencer as próximas legislativas e, para cúmulo, Santana Lopes lançar-se à conquista da Câmara de Lisboa e as sondagens darem-no empatado com António Costa. O que significa que Santana Lopes pode vencer no dia 11 de Outubro.

Soaram as sirenes e o pânico instalou-se nas hostes socialistas da capital. António Costa apressou-se a fazer coligações com todos os disponíveis. Com o antigo eleito e abandonado pelo BE, José Sá Fernandes, primeiro e agora também com Helena Roseta.

Fazer coligações não só é legal como natural em política, mas seria de esperar que se fizessem em torno dum projecto comum de governo local. Neste caso o que move a coligação em torno de António Costa é o medo. O medo de Santana Lopes vencer as próximas eleições como se daí viesse um cataclismo para a capital do país, que é necessário impedir a todo o custo.

É a coligação do medo, uma coligação negativa que se justifica apenas na vontade de combater um outro candidato, aparentemente mais forte. É uma coligação negativa que pouco de positivo oferece à cidade de Lisboa.

Mas é também uma coligação de muitos galos para os mesmos poleiros. António Costa já tinha um vereador com peso próprio na área do urbanismo, o arquitecto Manuel Salgado. Agora vai ter também a arquitecta Helena Roseta como "falso" nº 2 da Câmara e ainda, diz-se, o urbanista Fernando Nunes da Silva, também indicado pelos Cidadãos Por Lisboa.

A comunicação social tem exposto as diferenças de opinão entre estes três urbanistas em torno de projectos concretos para Lisboa. Como se entenderão eles sob a batuta de António Costa?

A coligação entre António Costa e Helena Roseta é também o fim da experiência estimulante da democracia participativa e da iniciativa dos cidadãos pelas causas locais, fora do espartilho da disciplina partidária.

E também nesse aspecto a democracia vai perder com a coligação negativa de António Costa e Helena Roseta.

3 Comments:

Anónimo said...

A cada dia que passa me sinto mais arrepiado com a forma de se fazer política no nosso País.

Por este e por outros casos, em todos os partidos.

Não se olham a meios para atingir os fins.

"O Arquitecto" said...

Não se arrepie que sempre foi assim na politica portuguesa! ou antes, na politica à portuguesa!
Eu vim aqui comentar só para agradecer a gentileza do autor do Blog nos ter colocado aqui! Se quer saber o que se passa verdadeiramente na CML visite-nos! Somos "oarquitectodacml.blogspot.com".
É esta politica à portuguesa que faz, com que nós, "Arquitectos camarários", tenhamos a cabeça a prémio e sejamos as principais vitimas deste sistema corrupto e caduco!

"O Arquitecto" said...

Não se sinta arrepiado! Sempre foi assim!
Eu venho aqui só agradecer a gentileza do autor do Blog nos ter colocado cá. Muito obrigado!
Se quiser saber verdadeiramente o que se passa na CML, visite-nos em "oarquitectodacml.blogspot.com".
Nós os "Arquitectos camarários" estamos a ser as principais vitimas deste sistema corrupto e caduco.
Visite-nos e emita a sua opinião de forma livre, pois, nós não o podemos fazer!