quinta-feira, 25 de junho de 2009

Sim, nós damos conta do recado!

O Presidente da Republica realizou ontem as audições aos partidos políticos com assento parlamentar sobre a marcação da data para a realização das eleições legislativas. Ao Governo compete marcar a data das eleições autárquicas, sabendo-se que os dois actos eleitorais, por razões de calendário, só se poderão realizar na segunda quinzena de Setembro e primeira quinzena de Outubro. Neste contexto é admissível a realização das duas eleições no mesmo dia.

Com argumentos algo diferentes quase todos os partidos defenderam a realização das eleições legislativas em dia diferente das autárquicas. Esta é a posição do CDS, do PS, do BE, do PCP e dos "Verdes", embora este partido nunca tenha concorrido sozinho mas sempre no ventre do PCP. Argumentam com a especificidade das duas eleições, com a maior riqueza democrática das eleições separadas e até com a urgência de fazer o orçamento de estado para o próximo ano.

Já o PSD defendeu junto de Cavaco Silva a vantagem de realizar os dois actos eleitorais no mesmo dia, para poupar o país a um excessivo período de campanhas eleitorais sucessivas, confiando que a democracia portuguesa já tem maturidade suficiente para os eleitores saberem distinguir entre as duas eleições e que deste modo também se poderá combater a abstenção.

Tenho alguma dificuldade em entender os argumentos dos opositores da eleição simultânea. Na verdade também as eleições autárquicas implicam sempre uma escolha tripla - para a assembleia municipal, câmara e assembleia de freguesia - e nunca os portugueses tiverem dificuldades em distinguir os candidatos na hora do voto. No passado também já se realizaram eleições europeias e legislativas no mesmo dia e os eleitores souberam bem fazer a distinção. É também verdade que a abstenção nas  eleições autárquicas costuma ser maior do que nas legislativas pelo que a realizarem-se no mesmo dia promove-se também uma maior participação nas eleições locais e com isso reforma-se a democracia e não o contrário.

Sim, Sr. Presidente da República, os portugueses sabem bem distinguir a diferença entre as várias eleições e os seus candidatos, com a mesma naturalidade que outros povos o fazem.

Venham lá as eleições legislativas e autárquicas no mesmo dia, que nós damos conta do recado!

2 Comments:

Anónimo said...

Não tenho qualquer problema na realização simultânea de ambos os actos eleitorais.

Poupa-se muito dinheiro e o povo (já)está tão afastado dessa pseuso-dificuldade apelidada de confusão.

Conheço bem o símbolo do partido em quem quero votar.
Nada me impede de exercer o meu direito com toda a elevação e conhecimento.

Franky said...

Eu aqui tenho uma opinião diferente.
Os candidatos às eleições autárquicas, cada vez em maior numero independentes, dizem, logo, mesmo que apoiados por um partido ou mais, querem fazer campanha por si só, brilhar no seu meio, na sua terra, ser a estrela maior, num cenário que lhes seja favorável sem terem de levar com as culpas do partido que os apoia. Se as eleições forem em simultâneo há mais dificuldade em se desvincularem. Por outro lado as guerras da política caseira já lhes dá muito trabalho, ter ainda de fazer campanha nacional é uma luta demasiado grande para gente com horizontes tão curto em questões de política. E depois o povo, aquele que ainda vota, o que está menos elucidado, não entende muito bem para que vota, tem de se explicar passo a passo para que serve cada eleição, se misturamos muitas coisas, todas elas tão diferentes, ele, povo, fica um pouco baralhado e a abstenção é a fuga possível.