terça-feira, 22 de setembro de 2009

BE quer partilhar o poder com a CDU?

Há medida que o Bloco de Esquerda vai crescendo e mostrando melhor a sua verdadeira natureza as suas contradições vão aparecendo aos olhos da opinião pública. A comunicação social e os outros agentes políticos, com óbvio interesse nisso, não têm deixado de tentar aproveitar estas circunstâncias. Um caso concreto é a contradição insanável, como diria Jerónimo de Sousa, da candidatura do BE à Câmara de Almada.

A candidata Helena Oliveira, passa quase todo o tempo do presente video a criticar a gestão local da CDU e quando se esperava que o corolário fosse o natural desejo da derrota comunista, termina dizendo que "Almada é uma autarquia de esquerda desde o 25 de Abril, maioria CDU desde essa altura, portanto há 35 anos, mas a nossa presidente deixou de ouvir as pessoas e deixou de ouvir a oposição. Portanto é importante que ela perca a maioria absoluta mas que se mantenha uma autarquia de esquerda. Portanto nós não queremos que nem o PS nem o PSD ganhem as eleições, queremos que a autarquia continue a ser de esquerda e que o Bloco de Esquerda conte para mudar e que Almada passe a ser Almada para as pessoas".

Helena Oliveira não podia ser mais clara, o importante é manter lá a CDU e somar-lhe o BE. Tudo menos os malandros do PS e do PSD. Que o BE não queira lá o PSD é natural, apesar da representação social-democrata ser maior que a bloquista em todos os orgãos autárquicos.

Mas o radicalismo do BE vai ao ponto que limitar a esquerda apenas a eles próprios e à CDU, empurrando o PS para a direita mesmo sabendo que o candidato do PS é uma importante figura da ala esquerda do PS. Está claro como água o BE que substituir a maioria absoluta da CDU por uma maioria absoluta CDU/BE.

Quem sabe um dia ainda vai integrar a coligação.

Na comunicação social o que parece é

"Não se pode dizer que de Espanha nem boa brisa nem boa Prisa, porque o clima para este monumental acto censório é da exclusiva responsabilidade de José Sócrates.

35 anos depois da ditadura, digam lá o que disserem, não volta a haver o Jornal de Sexta da TVI e os seus responsáveis foram afastados à força.

No fim da legislatura, em plena campanha eleitoral, conseguiram acabar com um bloco noticioso que divulgou peças fundamentais do processo Freeport.

Sem o jornalismo da TVI não se tinha sabido do DVD de Charles Smith, nem do papel de "O Gordo" que é (também) primo de José Sócrates e que a Judiciária fotografou a sair de um balcão do BES com uma mala, depois de uma avultada verba ter sido disponibilizada pelos homens de Londres.

Sem a pressão pública criada pela TVI o DVD não teria sido incluído na investigação da Procuradoria-geral da República porque Cândida Almeida, que coordena o processo, "não quer saber" do seu conteúdo e o Procurador-geral "está farto do Freeport até aos olhos".

Com tais responsáveis pela Acção Penal, só resta à sociedade confiar na denúncia pública garantida pela liberdade de expressão que está agora comprometida com o silenciamento da fonte que mais se distinguiu na divulgação de pormenores importantes.

É preciso ter a consciência de que, provavelmente, sem a TVI, não haveria conclusões do caso. Não as houve durante os anos em que simulacros de investigação e delongas judiciais de tacticismo jurídico-formal garantiram prolongada impunidade aos suspeitos.

A carta fora do baralho manipulador foi a TVI, que semanalmente imprimiu um ritmo noticioso seguido por quase toda a comunicação social em Portugal. Argumenta-se agora que o estilo do noticiário era incómodo. O que tem que se ter em conta é que os temas que tratou são críticos para o país e não há maneira suave de os relatar.

O regime que José Sócrates capturou com uma poderosa máquina de relações públicas tentou tudo para silenciar a incómoda fonte de perturbação que semanalmente denunciou a estranha agenda de despachos do seu Ministério do Ambiente, as singularidades do seu curriculum académico e as peculiaridades dos seus invulgares negócios imobiliários.

Fragilizado pelas denúncias, Sócrates levou o tema ao Congresso do seu partido desferindo um despropositado ataque público aos órgãos de comunicação que o investigam, causando, pelos termos e tom usados, forte embaraço a muitos dos seus camaradas.

Os impropérios de Sócrates lançados frente a convidados estrangeiros no Congresso internacionalizaram a imagem do desrespeito que o Chefe do Governo português tem pela liberdade de expressão.

O caso, pela sua mão, passou de nacional a Ibérico. Em pleno período eleitoral, a Ibérica Prisa, ignorante do significado que para este país independente tem a liberdade de expressão, decidiu eliminar o foco de desconforto e transtorno estratégico do candidato socialista.

É indiferente se agiu por conta própria ou se foi sensível às muitas mensagens de vociferado desagrado que Sócrates foi enviando. Não interessa nada que de Espanha não venha nem boa brisa nem boa Prisa porque a criação do clima para este monumental acto censório é da exclusiva responsabilidade do próprio Sócrates.

É indiferente se a censura o favorece ou prejudica. O importante é ter em mente que, quem actua assim, não pode estar à frente de um país livre. Para Angola, Chile ou Líbia está bem. Para Portugal não serve."


Mário Crespo, no Diário de Notícias, 07/09/2009

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

"31 da Armada" revela novo Governo...

O video é da autoria do blogue "31 da Armada" e antecipa a composição do "novo governo" de esquerda, depois de José Sócrates ter despedido pela televisão os actuais ministros, se vencer as eleições. Em dia de regresso dos Gato Fedorento aos écrans, um pouco de humor negro sobre a "esquerda" portuguesa.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Jaime Gama elogia Alberto João Jardim

Para Jaime Gama, a Madeira é «a expressão de um vasto e notável progresso no País».

«A Madeira é bem o exemplo, com democracia, com autonomia, com a integração europeia de um vasto e notável progresso no País» , declarou.

Para Jaime Gama, a Região Autónoma da Madeira é «um trabalho notável, é uma conquista extraordinária, é uma obra ímpar e isso deve ser reconhecido».

O presidente da Assembleia da República admitiu que existem, por vezes, «divergências e batalhas políticas».

«Mas toda esta obra historicamente tem um rosto e um nome, e esse nome é o do presidente do Governo Regional da Madeira, a quem quero também prestar uma homenagem, na diferença de posições, por esta obra e este resultado» , disse.

Jaime Gama sustentou que a Madeira tem em Alberto João Jardim «um exemplo supremo na vida democrática do que é um político combativo».

De acordo com o presidente da Assembleia da República, «na Madeira, tudo é uma conquista e, por isso, é que a vivência e concepção de autonomia na Madeira não é tanto a institucional, a conceptual ou jurídica, é sempre uma concepção de luta, de combate, de tenacidade, de vitória, de dinâmica, de afirmação em crescente».

«Isso deve ser entendido, deve ser compreendido, deve ser aceite, deve ser integrado, deve ser reconhecido e deve ser valorizado» , concluiu.

Jaime Gama considerou que «os autarcas não podiam escolher melhor sítio no País para reflectir sobre os problemas e questões que têm no seu horizonte».


in Lusa/Sol, Março de 2008

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O PS de Sócrates é contra a liberdade

"A decisão de censurar o Jornal Nacional de 6ª (JN6ª) foi tudo menos estúpida. O núcleo político do PS-governo mediu friamente as vantagens e os custos de tomar esta medida protofascista. E terá concluído que era pior para o PS-governo a manutenção do JN6ª do que o ónus de o ter mandado censurar. Trata-se de mais um gravíssimo atentado do PS de Sócrates contra a liberdade de informar e opinar. Talvez o mais grave. O PS já ultrapassou de longe a acção de Santana Lopes, Luís Delgado e Gomes da Silva quando afastaram a direcção do DN e Marcelo da TVI.

A linguagem de Santos Silva e do próprio Sócrates na quinta-feira sobre o assunto não engana: pelo meio da lágrimas de crocodilo, nem um nem outro fizeram qualquer menção à liberdade de imprensa. Falaram apenas dos interesses do PS e do governo. Sócrates, por uma vez, até disse uma verdade: o PS não intervinha no JN6ª. Pois não, foi por isso que varreu o noticiário do espaço público.

O PS-Governo de Sócrates não consegue coexistir com a liberdade dos outros. Criou uma central de propaganda brutal que coage os jornalistas. Intervém nas empresas de comunicação social. Legisla contra a liberdade. Fez da ERC um braço armado contra a liberdade (a condenação oficial do JN6ª pela ERC em Maio serviu de respaldo ao que aconteceu agora). Manda calar os críticos. Segundo notícias publicadas, pressiona e chantageia empresários, procura o controle político da justiça e é envolvido em escutas telefónicas. Cria blogues de assessores com acesso a arquivos suspeitos que existem apenas para destruir os críticos e os adversários políticos. Pressiona órgãos de informação. Coloca directa ou indirectamente “opiniões” e “notícias” nos órgãos de informação. Etc.

O relato da suspensão do JN6ª, no Jornal de Notícias e no Diário de Notícias e outros jornais de ontem é impressionante, sinistro e muito perigoso. Provir de supostos “socialistas”, portugueses e espanhóis, em nada diminui a gravidade desta censura. Esta suposta “esquerda” dos interesses, negócios e não resolvidos casos de justiça é brutal.

Intervindo na TVI, o PS-Governo atingiu objectivos fundamentais. Como disse Mário Crespo (SICN, 03.09), o essencial resume-se a isto: J.E. Moniz e M. Moura Guedes foram eliminados —e com eles as direcções de Informação e Redacção e um comentador independente como V. Pulido Valente.

Este PS-Governo é muito perigoso para a liberdade. Até o seu fundador está preso nesta teia, por razões que têm sido referidas. Ao reduzir a censura anticonstitucional, ilegal e protofascista do JN6ª a um caso de gestão, Soares desceu ao seu mais baixo nível político. É vergonhoso que seja ele, o da luta pela liberdade, a dizer uma coisa destas. Será que em 1975 o República também foi calado só por “razões de empresa”?

O PS-governo segue o mesmo caminho de Chàvez, ao perseguir paulatinamente, um a um, os seus críticos: e segue o mesmo caminho de Putin, ao construir uma democracia meramente formal, em que se pode dizer que a decisão foi da Prisa não dele, em que se pode dizer que os empresários são livres, que os juízes são livres, que os funcionários públicos são livres, que os professores são livres, que os jornalistas são livres, que a ERC é livre, etc — mas o contrário está mais próximo da verdade. Para todos os efeitos, Portugal é uma democracia formal, mas estas medidas protofascistas vão fazendo o seu caminho. Não dizia Salazar que Portugal era mais livre que a livre Inglaterra? Sócrates e Santos Silva dizem o mesmo."

Opinião de
Eduardo Cintra Torres, crítico de televisão e escreve no PÚBLICO

domingo, 6 de setembro de 2009

A verdade incomoda muita gente...

"Quando se fala de verdade em política, é algo que me arrepia e penso que não estarei sozinha nessa reprovação de mensagens críticas", assim fala Joana Amaral Dias, conhecida militante do Bloco de Esquerda, em entrevista ao Diário de Notícias, incomodada com a política de Manuela Ferreira Leite de falar verdade aos portugueses sobre os reais problemas.

Há políticos tão habituados a mentir na política que já acham natural.

Mas se falar verdade em política "arrepia" assim tanto a irresponsabilidade da esquerda radical é bem verdade, como diz Joana Amaral Dias, que não está sozinha nesse desconforto. É também visível o desconforto do Partido Socialista e de José Sócrates com a mensagem e a campanha social-democrata.

Sinais de que Manuela Ferreira Leite está no bom caminho.